Rota “Milho em Terras de Xisto”

Inicie no Adro da Igreja Matriz de Santa Maria Maior, siga pela Rua Viriato e desça até à Fonte do Vale. Aproveite e refresque-se.

Siga à direita pela estrada que vai até à ETAR de Loriga. Aprecie à sua direita o Vale da Ribeira de São Bento, imagine o esforço colossal investido no passado para transformar aquela paisagem outrora autênticas ladeiras com grande declive, que a necessidade e o saber do Homem de Loriga transformou em campos agrícolas sem que grande mestre ou arquitecto tivesse ditado as regras. Autêntico património da humanidade a exigir e merecer no presente um acrescido esforço e investimento na sua preservação.

Continue o trilho passando pelo Carreiro do Álvaro, até à Ponte do Pisão do Barruel, onde as Ribeiras da Nave e de São Bento se unem começando aqui a Ribeira de Loriga. Olhe para trás e repare na imensa escadaria formada pelos socalcos.

Na Ponte e para jusante siga pelo carreiro à esquerda e suba um pouco, começando a ter à sua frente os pelinteiros. Esta zona é em termos florestais muito interessante, aqui poderá ainda desfrutar de uma floresta com varias espécies onde predomina o castanheiro “castanea sativa”, o pinheiro bravo “pinus pinaster”, Carvalho “Quercus robur”, desponta também a Azinheira “Quercus ratundifolia” e uma enorme quantidade de arbustos dos quais o mais interessante é o pirliteiro “crataegus monogyna” e o medronheiro “Arbutus unedo”.

Se aprecia geologia está no palco certo. Começa a atravessar uma zona de contacto xisto/granito, ladeando a ribeira, de um lado zona de xisto, do outro, lado direito, zona granítica.

Observe o Vale e acompanhe o leito da Ribeira, a forma como ela contorna e se encaixa por entre os montes. Aqui o efeito erosivo da água é mais intenso aproveitando o local exacto e fragilizado do contacto das duas rochas, uma sedimentar e outra magmática. Mais à frente observe a meandrização do Vale onde a ribeira descobrindo as fragilidades originadas por falhas tectónicas serpenteia o Vale.

Esses meandros foram em tempos aproveitados para desviar as ribeiras e possibilitar a conquista de mais terrenos agrícolas, sendo que o desvio da ribeira, dado o desnível no corte, formou uma cascata e um novo poço a que se chamou Poço da Broca. São 5 meandros em que se alterou o curso das ribeiras, Loriga e Muro no vale de Loriga, Aguincho, Fradigas e Barriosa na Ribeira de Alvoco, ali denominadas obras do Caratão.

Continue por denso povoamento de Pinheiro Bravo, já nascido depois do grande incêndio de 1990, desça pela cumeada até à Ribeira, atravesse no pontão existente, antes da ponte. Na levada à direita encontrará uma nascente de água. Aproveite para reabastecer.

Dê uma espreitadela ao Poço da Broca, refresque-se nas águas da ribeira e suba até ao Sarapitel, antigo aglomerado urbano outrora habitado de forma permanente.

Um pouco mais acima apanhe a Levada da Cabeça, magnífica construção com cerca de 7 quilómetros, que leva a água para rega a toda a freguesia da Cabeça, servindo também como via pedonal para os terrenos agrícolas. A partir deste ponto não tem nada que enganar, é sempre à beirinha da Levada. Recomenda-se algum cuidado e muita atenção, principalmente a quem tem vertigens, pois em determinados pontos há autênticos precipícios e há que evitar acidentes.

Ao passear na Levada, se olhar à esquerda terá uma vista sobre uma outra, a Maestra a Brava. No Cabeço da Mestra Brava, onde está instalada a antena retransmissora de TV, poderá encontrar o Azereiro, “ Prunos Lusitanica”. É considerado uma relíquia das florestas lauráceas que dominavam a área da bacia do Mediterrâneo no Terciário. Autêntico resistente, permanece nestas paragens desde que havia por cá, imaginem, clima tropical. É fantástico.

Siga sempre pela levada, canal de rega único, onde além dos terrenos em socalcos poderá ainda reparar nos edifícios de apoio à agricultura e moinhos!

Por fim chega à Aldeia da Cabeça, pare junto à Senhora da Nazaré, refresque o corpo e o espírito. Vá à descoberta desta lindíssima aldeia, aprecie os encantos do povoado e dos caminhos por entre socalcos, vá ao Poço da Ponte e desfrute da água da serra, do clima e vegetação mediterrânicos. Vai ver que vale a pena.

Classificação de dificuldade do trilho: Médio (especial atenção em certos troços da Levada)

Tempo médio estimado: 3 horas .